Tuesday, July 14, 1998

Anatomia da divisão no escrete

O caso Ronaldinho provocou um racha na equipe brasileira nos momentos que antecederam a final contra a França.

Quando o técnico Zagallo anunciou aos jogadores que o atacante começaria jogando, apesar dos problemas físicos e emocionais pelos quais passou nas horas anteriores, iniciou-se uma discussão no vestiário brasileiro.

Um grupo, liderado pelo volante e capitão Dunga, achava que Ronaldinho não deveria atuar, ficando apenas como opção para o segundo tempo. Outro, porém, do qual fazia parte o meia Leonardo, defendia a presença do atacante, posicionando-se ao lado de Zagallo.
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Para Dunga, o melhor a fazer era esquecer o caso Ronaldinho e começar logo o aquecimento, mantendo-se tudo o que havia sido definido na preleção, com a entrada de Edmundo na equipe. O grupo de Leonardo, no entanto, defendia que Zagallo sabia o que estava fazendo e que os jogadores deveriam aceitar a presença de Ronaldinho, como queria o treinador, mesmo que ele não estivesse 100% em condições.
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A discussão entre os jogadores provocou uma situação parecida com a vivida pelo time antes do início do Mundial e durante a primeira fase do torneio.

No amistoso contra o Athletic de Bilbao, em 31 de maio, por exemplo, Leonardo e Edmundo tiveram áspera discussão no final do jogo, quando o atacante reclamou por não estar recebendo a bola de seus companheiros.

Dois dias depois, quando Romário foi cortado, o ambiente voltou a ficar tenso com as declarações de alguns jogadores, como Roberto Carlos, para os quais o atacante não faria falta a ninguém.

Durante a primeira fase, após a vitória contra o Marrocos, os gritos de Dunga com o atacante Bebeto voltaram a causar problemas. [Folha de S.Paulo]