Friday, July 17, 1998

Emerson

O meia Emerson, da seleção brasileira, disse ontem que a preocupação com a crise de Ronaldo era tão grande que "praticamente" ninguém defendia a escalação do jogador.

"Foi um pânico. Uma coisa é você querer, e outra é estar em condições de jogar." A frase, segundo ele, resume a opinião predominante entre os jogadores.

"Só ouvi o Edmundo aos gritos, berrando no hotel. Abri a janela, chamei o Dunga (companheiro de quarto), e fomos ver o que acontecia." Segundo o jogador, ninguém falava em convulsão naquele momento, e alguns colegas lembravam que Ronaldo andava muito inquieto, devido ao estresse acumulado durante a temporada.

"Vi o estado do Edmundo, ouvi os gritos do Edmundo e imaginei que poderia ser algo muito pior. Corremos para o quarto do Ronaldinho, mas o Dunga, que sabe liderar até nesses momentos, foi logo afastando todos nós para diminuir o tumulto."

Quando o jogador foi levado para fazer exames em Paris, Emerson lembra que o ambiente na concentração parecia o de um velório: "Só se pensava em algo pior. Ninguém dormiu mais. Aí, começamos a perder a Copa. Não houve tranquilidade nem para os reservas".

A hipótese de convulsão, pelo que lembra Emerson, só começou circular entre os jogadores depois que César Sampaio contou aos colegas ter segurado a língua de Ronaldo: "Para todos nós, tinha acontecido uma coisa inexplicável. Uns diziam que era nervosismo, outros diziam que era um troço estranho, só sei que abalou todo mundo."

Emerson confirma a versão de que Leonardo liderou o bloco que defendia a entrada de Ronaldinho: "O Léo deu toda a força desse mundo para o Ronaldinho, do começo do tumulto até a hora do aquecimento (...) Se fosse comigo, eu também jogaria, mas a preocupação com a saúde foi grande. A gente ficava pensando que poderia ocorrer alguma coisa a qualquer momento."