Saturday, July 18, 1998

Dunga e Leonardo: assessoria de imprensa, divisões, stress

"Poderiam ser colocadas palavras diferentes, de modo diferente. Uma pessoa só deveria ter feito o comunicado. No princípio (antes do jogo), achei perfeita a comunicação sobre o caso, protegendo o jogador, a face humana (...)é uma coisa técnica e quem deve falar é o médico." (Dunga)

Indagado sobre os líderes dos grupos, Dunga confirmou que ele e Leonardo estavam em grupos opostos. Mas aumentou a confusão sobre quem defendia o quê. Disse que era "inicialmente" contra a escalação, enquanto Leonardo a defendia:

"Antes dos exames, falei que ele [Ronaldinho] não deveria jogar. E ficou definido que não jogaria. O Edmundo até foi escalado. Depois dos exames, ele se sentiu bem, quis jogar, então dei apoio a ele (...) hoje, acho que ele não deveria ter jogado, mas entendo a situação, de como é difícil analisar isso. Como não escalar o melhor jogador do mundo, em uma final de Copa, com ele querendo jogar? É uma situação muito difícil (...) Em vários momentos, tentei me concentrar, lembrar que disputava a final da Copa, mas existia a preocupação com o colega." (Leonardo)
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Os dois minimizaram as divergências entre os grupos, que, segundo testemunhas ouvidas pela Folha na França, redundaram em bate-boca e correria.

"Numa família, quatro, cinco pessoas, acontece divergência. Imagine a situação com muitas pessoas, vivendo 60 dias juntas." (Dunga)
"Foi tudo muito rápido, coisa de meia hora. Não dava tempo de ficar discutindo." (Leonardo)
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"Não disseram que foi estresse? Uma crise nervosa? Então vamos deixá-lo em paz. Estamos massacrando o Ronaldinho. Estamos massacrando o nosso futuro. Ele pode fazer a diferença nas próximas Copas." (Dunga)

O que mais irritou o capitão, segundo apurou a Folha, foi a insinuação, feita por Roberto Carlos, de que Ronaldinho havia "amarelado" diante das pressões e da responsabilidade de vencer a final. Também reprovou, em conversa com dirigentes da Federação Gaúcha de Futebol, a atitude de Bebeto, que ao chegar ao Rio comentou que havia muita coisa a ser exposta. Durante a Copa, Dunga deu uma cabeçada no atacante, numa das cenas mais inusitadas do torneio.